Piscina Coberta

Voltara para o colégio pouco depois. Não me apeteceu conduzir por isso deixei lá o meu carro e vim a pé. Pelo caminho não podia deixar de pensar no que acontecera. Sentia-me triste. Nunca na minha vida fora tão feliz como nos últimos dias.
Já era tarde e queria continuar sozinho. Entrei à socapa na piscina e sentei-me nas bancadas ouvindo o som quase silencioso que ali estava. Cruzei as mãos no peito e fechei os olhos. Perguntei-me se o que fizera fora certo mas chegava sempre à conclusão que não. Não devia ter posto nunca Elizabeth sujeita ao risco e no entanto fi-lo.
Odiava a minha vida quando era jovem mas conseguia odiar-me mais agora.

Quando cheguei lá, fiquei estupefacta. Não, não lhe ia falar. Como estava de costas, não deve ter notado que eu me encontrava ali. Tirei a roupa e lancei-me de fato de banho para a água, nadando até me cansar. Quando voltei à superficie, fitei-o.

Apenas um splash da água me despertou dos pensamentos. Não consegui identificar quem seria, se aluna ou professora. Apenas pecebi que era mulher e que nadava extremamente bem. Quando nadou até mais perto da beira da piscina onde eu me encontrava é que percebi.
Olhei para Liz, sem dizer nenhum palavra. Não que elas não existessem mas simplesmente estavam entaladas na garganta.

Ele fitava-me e eu não desprendia o nosso olhar. Custava não conseguir falar com ele. Não saber o que dizer.
- Sinceramente, responde-me uma pergunta.

Até respirar custava e o facto de ela estar em fato de banho não ajudava nada.
- Diz. Eu respondo.

Engoli em seco e mexi-me dentro de água, para não ter frio.
- Só querias dar umas voltas? - E abanei a cabeça, não sabendo como tinha tido coragem para perguntar. - Devias ter-me avisado que era só isso.

Abanei a cabeça. Como podia ela pensar aquilo? Bem, até era normal...
- Garanto-te que essa nunca foi a minha intenção - Estava a ser sincero e isso notava-se pelo tom da minha vez. Olhei diretamente para ela.

Saí da piscina e cobri-me com uma toalha, olhando para ele. Tentando pensar no que ia dizer, visto que os meus pensamentos tinham sido alterados.
-Vamos falar. - Disse, sem pensar, pegando-o por um braço.
Levei-nos para a arrecadação da piscina, onde ninguem ia ouvir a conversa.
- Diz-me o que fiz de mal, fui demasiado criança, exigi muito de ti... Explica-me Vane. Eu já não sei nada. - Disse, completamente a entrar em parafuso. E damn, era impressao minha ou ele estava demasiado sexy?

A arrecadação da piscina era uma espaço mais pequeno e apertado elo que ficámos mais próximos.
- Não fizeste nada de mal, Liz. Pelo contrário és fantástica - Disse, sendo sincero em todas as palavras. - Demasido fantástica para alguém como eu.O meu tom saiu baixo, quase como um múrmurio, e triste. Preparei-me ara sair da arrecadação, dado que não tinha mais a falar.

- MAS PORQUE QUE FOGES?! – Gritei, mais para mim mesma do que para ele.
O discurso dele não fazia sentido na minha cabeça, então se eu era assim porque ele fugira? Levei as mãos à cabeça e a tolha caiu-me, fazendo-me sentar numa manta que estava no chão. E a saída repentina dele, a minha cabeça estava uma confusão.

Já estava quase fora da cabana quando me virei e ouvi o seu grito.
Seria muito mais fácil chegar lá e beijá-la, que era o que mais me apetecia fazer. Contudo tentei manter-me firme
- Daqui a uns tempos vais perceber que, o que fiz hoje foi apenas para teu bem - A minha expressão ficou sombria.

Voltei-me e enrolei a toalha no corpo, não querendo encará-lo. Aprende Liz, querias o quê que um professor gostasse de ti?
Quando me voltei, deparei-me com ele mais perto.
- Obrigada por reavivares que sou nova. Agora com licença que alunas e professores não devem ter esta proximidade. - Disse, propositadamente para magoar, indo novamente para a piscina, onde mergulhei e deixei-me ficar um pouco debaixo de água.

Ela tinha todo direito em estar triste e zangada, mas não esperava que me atiresse aquilo à cara. Não acreditava que alguma vez Elizabeth fosse fria comigo. Tu mereces! Sim, merecia. Contudo não me consegui mexer. Vi-a merglhar de novo, vi-a vir ao de cima, vi-a nadar. Simplesmente não conseguia deixar de olhar. Apercebi-me que já não era um simples "gostar" e por vários motivos isso só me fazia sentir pior.

Sentia o seu olhar cravado em mim de cada vez que vinha ao de cima para respirar. Tinha uma enorme vontade de chegar lá e puxá-lo para um beijo, mas ele estabelecera os seus limites. Apesar dos seus actos contradizerem as palavras. Comecei a ficar cansada e sentei-me na beira da piscina. Remexi no cabelo molhado e olhei para ele, não resistindo a sorrir. Suspirei e molhei os pés , tentando pensar no que ia fazer a seguir. Não podia simplesmente desaparecer.

Eu devia sair dali, desaparecer da vista dela. Só estava a criar confusãom ou melhor, mais do que aquela que já criara. Só que não conseguia Era como que se estivesse pregado ali, sendo ela o iman do qual eu não conseguia manter-me afastado. Os meus únicos pensamentos era em ir par aperto dela, sentir o calor da sua pele na minha, beijar os seus lábios... Não podes! Vai-te embora! Não era assim tão fácil. Em vez disso fui até perto dela e baixei-me, para não me molhar muito. Descruzei o meu olhar do seu e dirigi-o para o outro lado da piscina - Há uma coisa que eu nunca te cheguei a contar, nem pensei fazê-lo. Mas creio que te devo, pelo menos, uma explicação.

Tê-lo tão perto fez despertar os meus sentidos, deixando-me a olhá-lo fixamente e sem limites. Engoli em seco e na minha cabeça formou-se imensas situações com o que ele disse. Seria ele casado? Tinha filhos? Oh meu deus, estava uma pilha de nervos e só conseguia acencar com a cabeça.
Peguei-lhe na mão e olhei-o nos olhos.
-Conta-me. Prometo que, o que quer que seja, não vai sair daqui e não vou julgar.

Com aquelas palavras ela conseguiu tranquilizar-me. Nunca contara a minha história a ninguém, pelo menos totalmente. Suspirei e comecei - Eu nasci orfão. Em criança era revoltado e rebelde, por isso dificilmente havia familias que me quissessem. Fui devolvido muitas vezes - Disse aquilo com a armi«ugura bem explicita - Fiz muitas asneiras. Já consumi droga, assim como a vendi. Era um traste para toda a gente. - Parei ali e fiz silêncio. Não era fácil voltar a relembrar tudo aquilo - Até que ao 16 anos ouve um familia que me acolheu e desta vez não fui devolvido. Não sei como mas os meus pais tiveram a paciência de um Deus. Com eles senti tudo aquilo que nunca tinha tido - amor, carinho, familia. - Aí um pequeno sorriso abriu-se na minha cara - Endireitei-me. Estudei e formei-me, e como podes ver hoje sou professor. - Desviei pela primeira vez o meu olhar para ela - Deves estar a perguntar-te porquê que te estou a dizer isto. Não quero que tenhas pena de mim. Nenhuma. Só quero que entendas mais uma coisa... - Fiz novamente uma pausa - Há cerca de dois anos atrás eu estive noivo. - Sibilei aquela palavra, mostrando a tristeza que tinha - Por traição dela, eu não me casei. Desde esse dia pensie que nunca mais me podia apaixonar - Nessa altura segurei a mão de Elizabeth com mais firmeza do que antes - E agora apareceste tu.

(está gigante, eu sei. Sorry)

(na boa mesmo)

O discurso dele deixara-me sem palavras. Nunca imaginara tal coisa. Não sabia que dizer-lhe, quaisquer palavras que lhe dissesse nunca iam ser suficiente para ajudá-lo ou reconfortá-lo. Quando chegou à ultima parte, fiquei abismada e um sorriso aflorou-me a cara. Limpei uma lágrima que escorreu pela cara. Não liguei ao sitio onde estávamos, abracei-o com tudo o que tinha, murmurando desculpa por o molhar. Queria que ele sentisse que eu estava ali.
- Tudo o que me disseste agora , ainda me fez considerar-te um homem melhor. Tornaste-te na pessoa maravilhosa que és agora, Vane. - E deixei-me ficar encostada a ele, sentindo o seu calor corporal.

O seu toque sabia tão bem que não tive coragem de desviar. Não era esta a reacção que eu esperava, mas ainda bem que assim foi.
- Não devias... Estou a dizer-te isto porque eu desperdicei a minha adolescência com asneiras. Não quero que faças o mesmo - Afastei-me, mesmo que não quisesse - Não digo pela diferença de idades, mas sim pelo facti de estares a perder a tua adolescência aqui com um zé ninguém como eu.

Abanei a cabeça, suspirando. Ele não entendia que eu estava mais que apaixonada por este "zé ninguém"?
- Acredita quando digo que a minha adolescência já desapareceu há muito. Acredita que não estou a perder tempo contigo, nem a fazer asneiras. - E, teimosa, cheguei-me junto dele. Perigosamente perto.
Agarrei, suavemente, na sua cara e deixei-nos a milímetros de distancia. Os nossos lábios teimavam em insinuar-se e tentei focar-me.
- Diz-me que não me queres. Diz-me que não queres tentar. Diz-me tudo o que não queiras fazer, e eu afasto-me, para sempre.

Ela falava e eu sentia-me cada vez mais perdido - de amores. Não julgava que fosse possivel sentir-me assim novamente, muito menos por uma rapariga tão especial como Elizabeth. Bem no fundo da minha mente sabia que as coisas entre nós podiam correr mal, para mabos os lados mas não podia negar que a queria, mais do que tudo, para mim - Não posso dizer isso - Tudo o que mais desejava era ela.

- Então porque continuas a negar isto.. Eu não consigo mais. - Disse, com toda a sinceridade na minha voz e no meu olhar.- Anda comigo, a porta da piscina está fechada.
E comecei a desapertar-lhe a camisa, sorrindo e puxando-o para junto de mim.

Queria dizer muitas coisas mas mantive-me calado. Bastava visualizar os seus lábios para perder a conta às palavras que tinha. Sem demoras juntei-os, saboreei a doce e suave textura dos lábios de Liz. Pûs as minhas mãos nas suas ancas e puxei-a para mim, tal como ela fizera antes.

- Hmm.. já tinha saudades. - E sorri, por entre beijos.
Encostei-nos na beira da piscina e fiquei com uma perna de cada lado do seu corpo, beijando-o entusiastamente.
A verdade é que o tempo que estivera longe dele fora horrível, e agora só o queria sentir, por completo.